A vida é feita de altos e baixos, dias bons e dias não tão bons.

 

As cenas de sexo da ficção são sempre maravilhosas, não acham? Um bate o olho no outro, na mesma hora já se beijam, se pegam, vão para a cama, gozam… e pronto, tudo perfeito, todos felizes e satisfeitos!

Mas a vida real é diferente.

Um dia pode ser ótimo, e no outro dia dar tudo errado. E é assim também em outras áreas da vida: uma hora você acha que acertou na educação dos filhos, outra hora você acha que tomou a decisão errada; um dia você manda mal no trabalho, no dia seguinte é elogiado. E está tudo bem – a vida é feita de altos e baixos, dias bons e dias não tão bons.

Quem é meu paciente já deve ter me ouvido falar no “Good Enough Sex Model for Couple Sexual Satisfaction”. Não há uma tradução oficial para o português, mas seria algo como “o modelo de sexo bom o suficiente para a satisfação sexual do casal”.

Gosto de falar sobre isso na terapia para pontuar que na vida temos dias bons, outros nem tanto, e para que não se cobrem tanto. Hoje talvez não estejamos dispostos para um sexo espetacular… mas o que seria suficiente para nos dar prazer?

Os autores do modelo, Dr. Barry McCarthy e Dr. Michael Metz, acreditam que as pressões irrealistas que os casais colocam sobre a performance sexual podem levar à insatisfação e infelicidade.

E faz muito sentido.

Então que tal não se basear mais em cenas de cinema? Que tal não ficar pensando que a grama do vizinho é sempre mais verde – ou que os outros transam bem mais e melhor? Que tal entender que tem dias bons, outros ruins, mas amanhã é outro dia? Que tal não focar tanto em performance mas sim em melhorar a intimidade com a parceria?

Façam esse exercício.

Pilares do “Good Enough Sex Model”

Segundo o modelo, a sexualidade de um casal é variável, e portanto os parceiros precisam ser flexíveis e moldáveis às experiências sexuais. A ideia é sair do pensamento de ‘um sexo perfeito ou nada’ para a construção de uma conexão, uma intimidade mais prazerosa.

Não significa nivelar por baixo, mas sim entender que se acontecer de o sexo ser insatisfatório ou mesmo disfuncional, o casal terá espaço para se apoiar um no outro ao invés de culpar ou rejeitar.

Esses são os pilares que sustentam o modelo:

  • O “good-enough sex model”, ou o “modelo do sexo bom o suficiente” (na tradução literal), desafia noções simplistas sobre o sexo e estimula a busca por um significado mais otimista e real da vida íntima.

  • O foco principal deve ser na intimidade, e o prazer deve ser tão valorizado quanto à função. A aceitação emocional mútua do casal deve ser levada em conta.

  • Neste modelo, o sexo integra o dia a dia do casal, e o inverso também é válido. Esse entrelaçamento cria um vínculo sexual que é próprio do casal, algo só deles.

  • Segundo os autores, “viver bem o dia a dia – com suas responsabilidades, estresses e conflitos – proporciona a chance de experimentar interações sexuais sutis, mas de uma maneira personalizada e rica”.

  • O sexo pode ter muitas finalidades, como dar prazer e só, desestressar, criar mais intimidade com a parceria, procriar, melhorar a autoestima. Os casais podem explorar isso e ter à mão diferentes oportunidades de se excitarem.

  • Por isso, o modelo funciona de acordo com o estilo de vida do casal.

  • A qualidade do sexo varia de um dia para outro, de maravilhoso a sem graça, de funcional à disfuncional. E o modelo reconhece que entre casais satisfeitos é assim que acontece mesmo.

  • Ter mais pés no chão e expectativas razoáveis vai levar à satisfação sexual. E ainda prevenir o casal de se frustrar ou de vir a desenvolver problemas com a saúde sexual.

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