
Sentir dor durante o sexo não é normal, e pode ter relação com endometriose, tensão pélvica ou outras condições.
Já sentiu dor durante o sexo e teve medo de falar sobre isso com a parceria, ou mesmo com um médico?
Pois saiba: não é normal sentir dor na relação, e tampouco algo que você precise “aguentar” até passar.
Infelizmente, ainda há quem diga que “é psicológico” ou que “no começo é assim mesmo” – o que acaba levando muitas pessoas a silenciar a dor. Mas a verdade é que sentir dor durante a relação é sempre um sinal de que algo merece atenção.
Dor na relação: o que pode estar por trás
As causas de dor na relação (ou dispareunia, como é chamada clinicamente) são diversas e podem ter origens físicas, emocionais ou combinadas.
Entre os motivos mais comuns estão:
- ansiedade, medo ou estresse;
- traumas e experiências sexuais negativas;
- infecções ou inflamações ginecológicas;
- uso de medicamentos;
- vaginismo ou outras disfunções sexuais;
- relações não consentidas;
- e, em muitos casos, endometriose.
Cada tipo de dor – como ardência, dor na penetração, dor profunda ou dor após a transa – pode indicar uma causa diferente e exigir um cuidado específico.
Por isso, o primeiro passo é sempre investigar com um profissional de saúde especializado.
Quando a dor está ligada à endometriose
A endometriose é uma doença inflamatória em que o tecido endometrial, que normalmente reveste o útero, cresce fora da cavidade uterina. Ela afeta cerca de 10% das mulheres e pessoas com útero, e pode causar cólicas menstruais intensas, dor pélvica crônica e dor durante a relação sexual.
Essa dor ocorre por dois principais motivos:
- Inflamação local e alterações nos nervos ao redor do tecido endometrial;
- Sensibilização central, uma condição em que o sistema nervoso se torna extremamente sensível e amplifica a dor. Vale dizer que a sensibilização central também pode contribuir para ansiedade e depressão.
Pesquisas também mostram que, em alguns casos, a dor pélvica pode piorar durante o orgasmo.
Um estudo publicado em 2024 no The Journal of Sexual Medicine analisou 358 pacientes de 18 a 50 anos com dor pélvica. Eles responderam pesquisas sobre dor, ansiedade e depressão. Os resultados encontrados foram:
- 14% relataram piora da dor pélvica durante o orgasmo;
- pessoas com dor no orgasmo tinham significativamente maior tensão muscular no assoalho pélvico e níveis mais altos de sensibilidade do sistema nervoso central;
- os participantes também relataram pior saúde sexual, com dor severa durante a relação e, consequentemente, maior sofrimento sexual;
- e apresentavam piora na saúde mental, com níveis mais altos de ansiedade e depressão.
Ou seja: há uma ligação entre endometriose, dor pélvica e saúde emocional, e entender esse conjunto é essencial para um tratamento mais eficaz e acolhedor.
Cuidar do corpo é cuidar do prazer
Quando há dor na relação, o mais importante é não ignorar. Converse com sua parceria, fale com seu ginecologista e procure um acompanhamento multidisciplinar, que pode incluir:
- Fisioterapia pélvica, para relaxar e fortalecer a musculatura do assoalho pélvico;
- Terapia sexual, para trabalhar medo, ansiedade, autoestima ou traumas ligados à dor;
- e acompanhamento especializado de um ginecologista para tratar a endometriose.
Autocuidado para melhorar a dor na relação
Além do acompanhamento profissional, algumas atitudes podem ajudar:
- Use lubrificantes para reduzir o atrito e o desconforto;
- Explore seu corpo e descubra outras formas de prazer além da penetração;
- Comunique seus desejos e limites com clareza;
- E lembre-se: respeitar seu corpo é um dos maiores atos de amor-próprio.
A dor não é um preço a pagar pelo prazer. E o prazer não deve vir acompanhado de sofrimento.
Conclusão
A dor pélvica agravada pelo orgasmo em pessoas com endometriose pode ter relação com dor muscular do assoalho pélvico e sensibilização central concomitantes.
Falar de dor na relação e endometriose é importante para ampliar a conversa sobre autoconhecimento, corpo e prazer.
Buscar ajuda não é fraqueza. Pelo contrário, mostra que você cuida de si. E é o primeiro passo para reconstruir uma relação mais saudável com o próprio corpo e com uma vivência sexual mais saudável.
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